quinta-feira, 1 de março de 2012

História de Caio Viana Martins

História de Caio Viana Martins


Ao final do 1938 uma delegação do Grupo Escoteiro "Afonso Arinos", de Belo Horizonte, formada por 6 lobinhos, 12 escoteiros, 3 pioneiros e 2 chefes, embarcou no trem noturno em direção a São Paulo, numa excursão técnica-cultural que marcava o encerramento das atividades do ano. A composição estava formada por 11 carros. O carro do meio, 1a classe, era ocupado pelos escoteiros.
A viagem transcorria normalmente. Às 2 horas e 5 minutos da madrugada do dia 19 de dezembro, descendo a Serra da Mantiqueira, entre as pequenas estações de Sítio e João Aires, o Noturno chocou-se com um cargueiro que subia. Com o choque muitos carros descarrilaram, outros engavetaram e alguns se desmontaram.
O carro a frente do ocupado pelos escoteiros saltou dos trilhos e atravessou para a direita. Contra ele foi o carro dos escoteiros, engavetando-se e partindo, deitando-se contra um barranco e sendo comprimido pela pressão dos carros restaurante e leitos.
Na noite escura os escoteiros foram reunidos pelos chefes em ponto da estrada. Percebeu-se a ausência do escoteiro Gérson Issa Satuf e do lobinho Hélio Marcos de Oliveira Santos. Na procura foram encontrados mortos.
Com o desastre estabeleceu-se o pânico. Liderados pelos seus chefes - Clairmont Orlando Gomes e Rubens Amador, os escoteiros passaram a socorrer os feridos, confeccionando macas com lençóis e paus, e providenciando uma fogueira com tábuas retiradas dos vagões, facilitando o trabalho de resgate e socorro.
As 7 horas da manhã chegou ajuda externa. Os passageiros feridos, inclusive os escoteiros, foram transportados para Barbacena.
Vítima do choque, o escoteiro Caio Viana Martins, de 15 anos, recebeu forte pancada na região lombar. Retirado do carro pelos companheiros apresentou grande melhora, parecendo resistir ao impacto. Quando o socorro chegou, e o quiseram colocar numa maca, Caio apontou para as vítimas que pareciam em estado mais grave dizendo: "Há muitos feridos. Um escoteiro caminha com as próprias pernas" E caminhou, para cair a uns cem passos adiante. Morreu horas mais tarde, em conseqüência do rompimento de vísceras e um grave derrame interno.
O fato teria passado desapercebido, não fosse o testemunho de dois homens públicos - Alcides Lins e Otacilio Negrão de Lima, que impressionados com a ação dos escoteiros, no socorro aos feridos, e com o gesto de desprendimento de Caio Martins, levaram aos jornais o que tinham assistido. Elegia-se, assim, Caio Viana Martins como o escoteiro símbolo do Brasil.
Em 1941, em Niterói, o Governo do Estado do Rio de Janeiro inaugurou uma grande praça de esportes, denominando-a "Estádio Caio Martins", em homenagem ao jovem que, por seu gesto, tornou-se modelo para os escoteiros de todo o Brasil.

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